30 de março de 2017

SELO: Moçambique dos meus sonhos - Por Júlio Khosa



Moçambique é um Estado independente, soberano, democrático e de justiça social. Assim diz a nossa Constituição. Para o seu funcionamento, no contexto democrático, tal como defende a Constituição, o “Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade” e, “o povo moçambicano exerce a soberania segundo as formas fixadas na Constituição”. Portanto essa mesma soberania reside no povo. Para que isso aconteça, a República de Moçambique através da sua Constituição assume-se como “um Estado de Direito, baseado no pluralismo de expressão, na organização política democrática, no respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentais do Homem”. Até aqui tudo bem. Este é o tipo de Estado que almejo ter. Será que isso na prática acontece? Questionam-se essas afirmações.

O Moçambique dos meus sonhos é aquele que, de facto, a soberania reside no povo e que o povo encontra-se em pleno gozo dos seus direitos fundamentais (direitos e deveres, é óbvio); onde o povo manda, decide o que quer e o que não quer que seja; onde o povo tem voz activa e tem direito a reivindicação dos seus direitos (direito a manifestação e/ou greve); onde quando o povo elege (voto) é dado o que na verdade escolheu.

27 de março de 2017

País de alarves (Francisco Moita Flores)



Para combater a violência doméstica, o poder dá uns trocos, por caridade.

Em dois dias, cinco cidadãos, a maioria mulheres, foram assassinados, em contexto de violência doméstica, às mãos de alarves. É nossa a gente que morre.

Infelizmente, também é nossa a gente que mata. Somos isto. Um país culturalmente subnutrido. Analfabeto no que respeita  a competências de cidadania.

Somos o país onde a violência doméstica é praga e quando dela se fala, apetece zurzir polícias indiferentes, procuradores negligentes e juízes de grande tolerância.Porém, é fácil disparar contra a Justiça. É quem está mais à mão. É o reduto do poder por onde passa aquilo que está criminalmente consumado.

Mas o País é bem mais do que um sistema judiciário. É a história de um Ministério da Educação, multiplicador de reformas, incapaz, incompetente, medíocre, governo após governo, que se preocupa com a Matemática, com o Inglês, mas que é indiferente à educação e formação de boas pessoas. É um Ministério da Saúde vaidoso, arrogante e medíocre que, governo após governo, desprezou a saúde mental, que encolhe os ombros aos apelos de psiquiatras e psicólogos que denunciam um País sem apoios para controlar psicopatas. É um Ministério da Segurança Social antissocial, que governo após governo, trata a protecção de menores, a monitorização de famílias em risco através de burocratas. É este país, infestado por todos estes alarves, que assiste, dia após dia, à chacina de inocentes. Morreram em Portugal mais vítimas de violência doméstica nos últimos dez anos do que vítimas de terrorismo em toda a Europa. Se para os ideólogos do securitários, o poder está de perna aberta, para a violência doméstica, o poder dá uns trocos por caridade. É este poder assustado e alarve quem está no banco dos réus de tantas mortes. 

Por indiferença, por omissão, por ser herdeiro legítimo de Pôncio Pilatos. Quantas vítimas serão necessárias para que despertemos deste longo pesadelo?


Correio  da Manhã. 26 de Março de 2017

12 de março de 2017

A história da tropa secreta das terras do fim do Mundo (Leonor Ralha)


Livro explica como surgiam os Flechas, criados pela PIDE para causar pavor a quem lutava pela independência de Angola

Ninguém dava nada por eles quando se apresentaram ao serviço, pequenos, magros e com armas arcaicas, mas os oito bosquímanos recrutados há 50 anos por Óscar Cardoso, inspetor da PIDE-DGS colocado na cidade angolana de Serpa Pinto (atual Menongue), deram origem ao grupo paramilitar mais temido por MPLA, UNITA e FNLA. Remetida ao esquecimento durante décadas, a sua história é agora contada em ‘Os Flechas – A Tropa Secreta da PIDE-DGS na Guerra de Angola’ (Casa das Letras), livro de Fernando Cavaleiro Ângelo, de 47 anos, chefe da Divisão de Informações do Comando Naval e diretor do Centro de Análise e Gestão de Dados Operacionais da Marinha.

China: Réplicas dos Principais Monumentos Mundiais

 Um centro comercial em Chongqing é uma réplica da pirâmide do Museu do Louvre

@Verdade Editorial: A mesquinhez do Governo moçambicano



Um dos problemas que afecta o Governo moçambicano é a mania de atribuir as suas falhas aos outros. Os governantes moçambicanos são verdadeiros especialistas em apontar os culpados, e nunca em procurar solução. Procuram sempre bodes expiatórios para responsabilizar pelos seus erros, fracassos e até mesmo a pobreza do país. Culpam o colonialismo, a guerra, o capitalismo, a globalização, o continente, o país, a falta de recursos, a cor da pele, o vizinho, o Ocidente e até aquele avô que morreu há milhares de anos por tudo e por nada. Os argumentos do Governo, na verdade, são sempre os mesmos: A origem dos problemas está sempre nos outros, nunca neles.

A Portugueza


Traição em Angola pelo General Silva Cardoso



«Killoran, o Cônsul norte-americano, tinha-me deixado um alerta. Também por essa altura, exactamente a 14 de Abril, este diplomata fizera uma visita ao Zé Valente que registou na sua agenda da qual nunca se separava: “Manhã cedo – 0700 – sem se anunciar previamente na 2.ª RA, onde já me encontrava o Cônsul-Geral norte-americano em Luanda. Veio dizer-me que os norte-americanos tinham deixado cair Angola ao terem considerado inevitável a sua transferência para a zona de influência russa. Disse que Angola iria ser um país comunista. Ingenuamente disse-lhe que isso não iria acontecer, até por atavismo dos povos….» (p. 591)