19 de agosto de 2009

Moçambique: Líder do PDD, Raúl Domingos, assume "morte" política

Raúl Domingos assume “morte” política O líder do PDD diz o Conselho Constitucional é um instrumento político do partido no poder com vista à instalação de um regime autocrático, autoritário, propenso à idolatria e avesso à observância da Constituição e das leis. O presidente do Partido para a Paz, Democra­cia e Desenvolvimento, Raúl Domingos, chamou ontem a imprensa para manifestar a sua profunda indignação e preocu­pação com o suposto risco de “ex­tinção” da democracia no país. A preocupação do líder do “pangolim” surge na sequência do seu afastamento do leque dos candidatos à presidência da República, cujo sorteio dos três, que permanecem na disputa foi ontem realizado pelo Conselho Constitucional, deitando por ter­ra qualquer esperança de uma eventual repescagem dos outros cinco Yá-Qub Sibindy, Khalid Si­dat, José Viana, Leonardo Cum­be e Artur Jaquene. O CC como instrumento manipulador De acordo com Raúl Domin­gos, o PDD sempre levou ao conhecimento de toda a comu­nidade nacional e internacio­nal, de que o governo estabe­lecido em Moçambique, desde Janeiro de 2005 - liderado por Armando Guebuza - tem se empenhado em “implantar no país um regime autocrá­tico, autoritário, ditatorial, propenso à idolatria, avesso à observância da Constituição e das leis”. Em cumprimento desta agenda que culminará com a instalação da ditadura no país, Raúl Domingos acusa o Conselho Constitucional de servir de instrumento no processo orientado para “eli­minar os direitos e liberdades fundamentais, promoção da discriminação, da exclusão e suspensão da democracia par­ticipativa no país” e foi nesta base que aquele órgão de so­berania decidiu “rejeitar” a sua candidatura e dentre ou­tros candidatos. Na visão daquele político, a sua rejeição não teve qualquer fundamento jurídico-constitu­cional, mas sim na “forma mais expedita de eliminar as candi­daturas não convenientes”. A morte política do candidato Em jeito de desabafo político, Raúl Domingos assume, embora não de uma forma explícita, que poderá estar acabado como po­lítico de primeira linha no país. Assume a dado passo que está sendo perseguido e existe um interesse de o “matar” como can­didato. “De modo a evitar que o candidato regularizasse o seu processo eleitoral como manda a lei, o Conselho Constitucional, agindo como se de um Tribunal Militar Revolucionário se tratas­se, ou Tribunal de Morte Rápida, como tristemente chegou a ser conhecido na gíria popular, deci­diu matar, logo à partida, a candi­datura de Raúl Domingos”. Mensagem de esperança Já numa mensagem dirigida aos seus correligionários, Domingos diz que embora tenha sido condenado à morte sem direito de defesa, os mes­mos não podem perder a esperança e a sua fé na democracia. “Da mesma forma como perseguiram os nossos compatriotas que morreram na luta pela liberdade e justiça sem direito à defesa, eu também fui excluído pelo Conselho Constitucional sem direi­to à defesa, porque algumas pessoas neste país têm medo da democracia e da minha candidatura” setenceiou aquele antigo pré-candidato. O País, 18 de Agosto de 2009