28 de maio de 2009

Moçambique: José Craveirinha: Tributo ao vate


José Craveirinha: Tributo ao vate 

O poeta-mor José Craveirinha será homenageado sexta-feira na província de Inhambane, num acto divulgado pela Casa-Museu José Craveirinha e a editora moçambicana Alcance Editores. A homenagem ao poeta insere-se na celebração do 28 de Maio dia do nascimento é que o poeta maior moçambicano e que se vivo completaria 87 anos de idade. Anualmente e 28 de Maio, amigos, familiares e confrades do poeta-maior brindam-no com uma confraternização, gravando a sua vida e obras. Desta vez, decidiu-se-se para a homenagem acontecer na província de Inhambane . Assim, foi traçada uma homenagem para ser feita na Província de Inhambane, onde se juntarão os amantes da literatura, serão exibidos os seus trabalhos poéticos – o poeta dos vaticínios infalíveis – palestras e uma feira de livros de autores amigos de Craveirinha e ou que com ele privaram. Haverá ainda uma exposição fotográfica de Craveirinha, de pintura e ainda será exposta parte do poeta que é um dos maiores poetas da Língua Portuguesa. José Craveirinha muito cantou as maravilhas da província de Inhambane e exaltou a sua beleza. Basta gravar o poema “Doces tangerinas d'Inhambane”, um poema épico, por isso não distorcida o tributo do autor de “Maria” que ponto do país. Aliás, a dimensão de Craveirinha merece que ele seja exaltado em todo o espaço moçambicano, de África e do mundo, porque José Craveirinha ultrapassou as raias de Moçambique para ser um poeta do mundo. O escritor e acadêmico Calane da Silva, diretor do Centro Cultural Brasil-Moçambique irá dissertar sobre a vida e obras de Craveirinha e sua ingluência no espaço moçambicano. José João Craveirinha nasceu a 28 de Maio de 1922, na cidade de Lourenço Marques (Maputo) e perdeu a vida a 6 de Fevereiro de 2003, numa das unidades hospitalares da África do Sul, para onde tinha sido evacuado para tratamentos hospitalares. Os seus restos da Moçamba repousam na cripta dos Heróis, em Maputo. Foi funcionário público, desportista, associativista, ensaísta e folclorista. Na década de 50 desempenhou um papel de relevo na Associação Africana, chegando a ser o presidente desta agremiação no início dos anos 60. Recebeu prémios pelos seus trabalhos poéticos, dos quais se destaca o Prémio Camões (1991), que é o galardão literário da Língua Portuguesa, sendo o primeiro escritor africano a ser tal distinção. Recebeu vários prêmios literários e foi também medalhado. Destas destaque vai para “Prémio Cidade de Lourenço Marques (1959); Prémio Reinaldo Ferreira do Centro de Arte e Cultura da Beira (1961); Prémio de Ensaio do Centro de Arte e Cultura da Beira (1961); Prémio Alexandre Dáskalos da Casa dos Estudantes do Império, Lisboa, Portugal (1962); Prémio Nacional de Poesia de Itália (1975); Prémio Lotus da Associação de Escritores Afro-Asiáticos (1983) Medalha Nachingwea do Governo de Moçambique (1985); Medalha de Mérito da Secretaria do Estado da Cultura de São Paulo, Brasil (1987); e Voz da África, da Editora Ordfront, na Suécia, em 2002. Foi ainda o primeiro escritor moçambicano a ser agraciado com o título Doutor Honoris Causa pela Universidade Eduardo Mondlane, em 2002. Como jornalista, colaborou nos periódicos moçambicanos O Brado Africano, Notícias, Tribuna, Notícias da Tarde, Voz de Moçambique, Notícias da Beira, Diário de Moçambique e Voz Africana. Utilizou os seguintes pseudônimos: Mário Vieira, JC, J. Cravo, José Cravo, Jesuíno Cravo e Abílio Cossa. Foi presidente da Associação Africana na década de 1950. Esteve preso entre 1965 e 1969 por fazer parte de uma célula da 4.ª Região Político-Militar da Frelimo. Foi o primeiro presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação dos Escritores Moçambicanos, entre 1982 e 1987. Publicou, entre outros, os livros “Xigubo”, “Karingana ua Karingana”, “Cantico a un Dio di Catrame”, “Cela-1 ”, “Maria” “Babalaze das Hienas”, 

DEPOIMENTO AUTOBIOGRÁFICO “Nasci a primeira vez em 28 de maio de 1922. Isto num domingo. Chamaram-me Sontinho, diminutivo de Sonto. Pela parte da minha mãe, claro. Por parte do meu pai fiquei José. Aonde? Na Av. do Zichacha entre o Alto-Maé e como quem vai para o Xipamanine. Bairros de quem? Bairros de pobres. Nasci a segunda vez quando descobri que era mulato. A seguir fui nascendo à medida das circunstâncias impostas pelos outros. Quando o meu pai foi de vez, tive outro pai: o seu irmão. E a partir de cada nascimento eu tinha a felicidade de ver um problema a menos e um dilema a mais. Por isso, muito cedo, a terra natal em termos de Pátria e de opção. Quando a minha mãe foi de vez, outra mãe: Moçambique. A opção por causa do meu pai branco e da minha mãe negra. Nasci ainda mais uma vez no jornal “O Brado Africano”. No mesmo em que também nasceram Rui de Noronha e Noémia de Sousa. Muito esporte marcou-me o corpo e o espírito. Esforço, competição e derrota, até entrega à vitória. Temperado por tudo isso. Talvez por causa do meu pai, mais agnóstico do que ateu. Talvez por causa do meu pai, encontrando no Amor a sublimação de tudo. Mesmo da Pátria. Ou antes: principalmente da Pátria. Por causa da minha mãe só resignação. Uma luta incessante comigo próprio. Autodidata. Minha grande aventura: ser pai. Depois eu casado. Mas casado quando quis. E como quis. Escrever poemas, o meu refúgio, o meu país também. Uma necessidade angustiosa e urgente de ser cidadão desse país, muitas vezes altas horas da noite”. Temperado por tudo isso. Talvez por causa do meu pai, mais agnóstico do que ateu. Talvez por causa do meu pai, encontrando no Amor a sublimação de tudo. Mesmo da Pátria. Ou antes: principalmente da Pátria. Por causa da minha mãe só resignação. Uma luta incessante comigo próprio. Autodidata. Minha grande aventura: ser pai. Depois eu casado. Mas casado quando quis. E como quis. Escrever poemas, o meu refúgio, o meu país também. Uma necessidade angustiosa e urgente de ser cidadão desse país, muitas vezes altas horas da noite”. Temperado por tudo isso. Talvez por causa do meu pai, mais agnóstico do que ateu. Talvez por causa do meu pai, encontrando no Amor a sublimação de tudo. Mesmo da Pátria. Ou antes: principalmente da Pátria. Por causa da minha mãe só resignação. Uma luta incessante comigo próprio. Autodidata. Minha grande aventura: ser pai. Depois eu casado. Mas casado quando quis. E como quis. Escrever poemas, o meu refúgio, o meu país também. Uma necessidade angustiosa e urgente de ser cidadão desse país, muitas vezes altas horas da noite”. Depois eu casado. Mas casado quando quis. E como quis. Escrever poemas, o meu refúgio, o meu país também. Uma necessidade angustiosa e urgente de ser cidadão desse país, muitas vezes altas horas da noite”. Depois eu casado. Mas casado quando quis. E como quis. Escrever poemas, o meu refúgio, o meu país também. Uma necessidade angustiosa e urgente de ser cidadão desse país, muitas vezes altas horas da noite”. 

José Craveirinha, Janeiro de 1977

Francisco Manjate Maputo, Quarta-Feira, 27 de Maio de 2009:: Notícias