26 de março de 2009

Cabo Verde: Ilha do Fogo

Ilha do Fogo A subida ao Pico do vulcão, com 2.829 metros de altura, partindo de Chã das Caldeiras, é uma experiência inesquecível. Como alternativa, existem itinerários na cratera do vulcão – que tem 8 km de diâmetro – onde sobressaem inúmeros picos que testemunham outras tantas erupções. Para os adeptos de espeleologia, a ilha do Fogo proporciona itinerários de grutas, cavernas e fontes de água subterrânea, situados entre o Pico do Fogo e São Lourenço. Contrate um guia em São Filipe ou nos Mosteiros. Com uma superfície de 476 km2, a ilha do Fogo é, literalmente, um vulcão que ainda está em actividade. No interior da sua extensa cratera, chamada Chã das Caldeiras, ainda se sente o odor sulfuroso da última erupção, ocorrida em Abril de 1995 a Sudoeste do vulcão – este último, com 2.829 metros de altura, é o ponto mais alto da ilha e do arquipélago. O Fogo pertence ao grupo do Sotavento cabo-verdiano e dista 50 km para Ocidente da ilha de Santiago. O relevo muito acidentado da ilha, com falésias íngremes irrompendo do oceano e elevando-se até à altura das nuvens, confere-lhe o aspecto ameaçador de uma fortaleza inexpugnável; fluxos de lava negra, resultantes de milénios de erupções, deslizaram lentamente para Leste, até ao oceano, cobrindo também de flocos vulcânicos o solo fértil da cratera onde, a Norte, na concavidade interior, se cultivam vinhedos. Na encosta exterior Norte da cratera, a caminho de Mosteiros, existem florestas de eucaliptos, jacarandá e acácias – no parque florestal de Monte Velha – e, nos vales, cultiva-se o café. A ilha do Fogo possui um potencial energético geotermal importante devido à permeabilidade dos solos através dos quais a água das chuvas se infiltra em reservatórios subterrâneos com temperaturas que oscilam entre os 200 e os 300º C. Um pouco de história Descoberta em 1460, a ilha do Fogo foi chamada de São Filipe até 1680, data em que uma erupção de proporções devastadoras impôs a actual designação. A história do Fogo é indissociável do ritmo caprichoso do vulcão que vai moldando a geografia da ilha ao sabor de cada nova erupção, acrescentando-lhe novos picos e subtraindo-lhe pedaços de terra, lançados sem apelo no fundo do oceano. A proximidade com Santiago, por um lado, e o seu potencial agrícola, por outro, fez com que fosse a segunda ilha do arquipélago a ser povoada. Na centúria seguinte à sua descoberta povoavam o Fogo cerca de 2.000 escravos que cultivavam algodão e se dedicavam à tecelagem – muito apreciada. A seguir ao colapso de 1680, uma parte da população emigrou para a vizinha ilha Brava. Em 1785 uma nova erupção eclodiu, erguendo o Pico do Fogo. Desta vez a lava derramou-se pela encosta Nordeste da cratera, originando a saliência sobre a qual está construída a actual vila de Mosteiros. Repetiram-se erupções em 1799, 1847, 1852 e 1857, a que se seguiu um século de acalmia, interrompido pelas erupções de 1951 e 1995. A imprevisibilidade das catástrofes fez com que durante o séc. XIX muitos habitantes do Fogo se tivessem alistado nos baleeiros norte-americanos como tripulantes, fixando-se depois nos EUA, onde criaram uma comunidade cabo-verdiana significativa. Actualmente a ilha do Fogo tem 40 mil habitantes e São Filipe, a capital, situada na costa ocidental da ilha, é a terceira maior cidade de Cabo Verde.